terça-feira, 8 de março de 2011

Crítica: A Origem (ou a falta de Criatividade)

Não compreendo como a maioria dos cinéfilos admiram e elogiam o mais recente filme de Christopher Nolan – “A Origem” (Inception, 2010). Talvez seja devida a popularidade que o filme “O Cavaleiro das Trevas” tenha proporcionado ao diretor. Ou talvez pelo motivo de como a temática dos sonhos aguça nossa curiosidade e imaginação. Entretanto, não posso admitir que o filme “A Origem” seja um exemplo de criatividade e inovação. Confesso que até o momento, admirava alguns trabalhos de Christopher Nolan e estava com certa expectativa sobre o lançamento de um filme de ficção científica sob sua autoria. Fui à estréia do filme, com a esperança de assistir um bom filme de ficção científica (a carência sempre foi meu forte, hehehe). E o resultado não foi outro: em vez de “inception” o que vi foi “deception”, ou seja, decepção! O filme estava abaixo das minhas expectativas.
Não, realmente em hipótese alguma o filme demonstrou algum aspecto de criatividade. Para quem não conhece a temática dos sonhos, esta já é bem conhecida na história dos cinemas. Não ouso dizer que se trata de um plágio, mas a temática do filme é muito semelhante a um clássico oitentista da ficção científica chamado “A Morte nos Sonhos” (Dreamscape, 1984). Mas com uma pequena diferença, o filme “A Morte nos Sonhos” é realmente um filme criativo e trabalha com mais propriedade o imaginário dos sonhos e dos pesadelos (farei um artigo posteriormente sobre este filme). Dizem as más línguas que o filme "A Origem" até se parece com uma histórinha em quadrinhos do “Tio Patinhas”, onde os irmãos metralhas usam uma máquina do professor pardal para entrar nos sonhos do "pato avarento" e roubar seus códigos secretos. Por falar nisso a construção da trama de ladrões lembra muito o filme “Onze Homens e um Segredo” (2001), mas não vou entrar nesses detalhes.

....................Esta cena lhes parecem familiar?.......................


Aliás esta temática já esteve presente em filmes como “A Cela” (2000), e outros filmes que questionam a realidade como “A Cidade das Sombras” (1998), e no quase esquecido “13º Andar” (1999), confesso que estes dois últimos merecem um artigo especial para o gênero ficção-científica. Muito mais conhecido e popular é Matrix (1999). Este sim aparece constantemente no filme de Christopher Nolan, com suas cenas de ação, muitos tiros e efeitos especiais em câmera lenta. Por falar nisso, acho que Christopher Nolan tem certa inveja em relação à Matrix e também um certo problema em relação à proporção de “tamanho das coisas”. Enquanto em Matrix o menininho careca entortava uma colher com a força da mente, em seu filme a menininha atriz entorta uma cidade inteira. A atriz Ellen Page (tosquinha) estava tão perdida no filme que parece até debochar da trama. Contudo, os efeitos especiais são muito bons, mas não trazem nenhuma novidade no gênero. A trilha sonora é boa, atrapalhada pela barulheira de tiros (estava no cinema) que me deram dor de cabeça.
Mais uma observação: da pouca experiência que tenho com sonhos, geralmente estes não são tão arquitetados, arrumadinhos e com seqüências lógicas como tenta se esforçar o diretor em descrevê-los durante a narrativa. No filme os sonhos são todos iguais, não tem pesadelos, não se diferenciam quanto à personalidade, tem as mesmas tonalidades de cores e respondem as mesmas seqüências programadas da sinapse cerebral (matemática? Ui). O enredo é até um pouco comovente e sensível (mas cheio de falhas), e o ator Leonardo di Caprio se esforça muito aproveitando seu personagem do Filme “A Ilha do Medo” para enfatizar a trama.
Uma hipótese para o sucesso de bilheteria e de público para “A Origem” se deve, em minha opinião, ao fato de o público que assistiu ainda serem jovens ou de terem pouco conhecimentos sobre ficção-científica e também sobre a temática de filmes sobre sonhos. Na maioria, reverberando apenas o mais conhecido filme, ou seja, Matrix (este com muitas cópias de outros filmes). Ao que parece este filme tem a vantagem de atingir este público, dos quais já fiz parte um dia. Infelizmente estou velho, rabugento, assistindo a filmes como “No Country for Old Men” dos irmão Coen. Para finalizar postarei uma frase muito presente no filme “13º Andar”, comparada com as mil e duzentas do filme “A Origem”, ela é muito mais sensível e profunda, ou seja, a frase diz: “A ignorância é uma benção”. Saudades da minha.

Abraços do Max

Um comentário:

  1. Apesar de eu ter achado um ótimo filme, concordo contigo. Tem nada de inovador, exceto os efeitos especiais. A cena da luta no corredor do hotel foi até "plagiada" no X-Men: First Class que irá sair esse ano.
    Hoje em dia, vamos ver um filme que pensamos ser algo inovador mas nos decepcionamos. Um bom exemplo é Jogos Mortais. Outra hora entro em detalhes sobre tal filme.

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