segunda-feira, 20 de junho de 2011

O Real e a Realidade na Ficção Científica

Mais estranho ou triste do que viver talvez seja o desconhecimento de onde estamos ou em que lugar vivemos. Aquela leve sensação de alguém nos observando do alto, Alice correndo atrás do coelho. Diz o Gato sorridente: “quem não sabe pra onde vai qualquer caminho serve”. Estranhos sonhos numa caverna de imagens. Olhamos ao redor e não precisamos nos perguntar.
Até mesmo quando a dúvida se torna uma coceira instigante ela acaba passando sem significância aos nossos olhos. O que importa é viver. E apenas vivemos, interpretamos, sorrimos ou choramos. Entretanto, para tudo e um pouco mais, ainda temos a imaginação. Esta só passa ser algo por meio da palavra significada, da imagem intepretada e do movimento. Não existe nada mais forte na vida que os sentimentos imaginados.
A partir de quando questionamos o que é real? O concreto ou o caos sem significação? Talvez responderiamos: “desde sempre”! Mas... onde... e quando começa esse “sempre”? No cinema, como em toda forma de expressar a vontade humana, a questão “do que é o real” ou “em que realidade vivemos” tem-se apresentado num dos elementos mais instigantes no processo de pensamento e seus desafios pela ficção. Não à toa me tornei fã de carterinha de filmes de ficção científica. Somente a ficção desafia o óbvio, desmascara o banal e o comum, mostra o além da realidade crua – mexendo com nossos medos, anseios e sentidos – estampando nossa condição humana. Como a condição é ou pode ser. Os limites também, sim! Mas também aquilo que nunca imaginaríamos ser possível ou alcançável – ou seja, o sem limite de nós mesmos.

O que é o real? Talvez seja essa a pergunta que três filmes (que logo apresentarei) tentaram questionar em apenas alguns minutos de projeção. Irei um pouco mais além, a questão essencial não é saber o que é o real e sim em qual realidade vivemos. No primeiro longa de hoje intitulado “Preso na Escuridão” (Abre los Ojos, 1997), César é uma espécie de mulherengo narcisista, bem acostumado ao desfrute de suas conquistas intímas e de sua herança milhionária. Depois de conhecer a bela e atraentea atriz Sofia e compartilhar de novos sentimentos, César cai num dos piores pesadelos que poderia acontecer na vida de um narcisista – tem seu rosto desfigurado num acidente de carro. Depois de sofrer devido sua nova condição, César se depara com um instante inusitado e mágico, médicos recuperam seu antigo e belo rosto por meio de uma cirurgia revolucionária. Logo depois de reconquistar Sofia, sua recente paixão, o que parecia um sonho na vida de César aos poucos acaba por se revelar num labirinto de pesadelos. A partir desse momento César começa a sofrer de alucinações e aos poucos passa a questionar a realidade em que vive – tentando colocar a prova sua sanidade mental e fisíca.


Já no filme “Cidade das Sombras” (Dark City, 1998) John Murdoch (Rufus Sewell) acorda misteriosamente sozinho e sem memória na banheira de um hotel. A partir de então John percebe que está sendo suspeito de cometer vários assassinatos. Será ele o assassino? Além de ser perseguido por um inspetor (William Hurt) e também por estranhas criaturas parecidas com Nosferatu, John começa a procurar por respostas para sua enigmática identidade. O cenário se apresenta numa cidade onde nunca amanhece (expressionismo alemão). Para isso John contará com a ajuda do esquisito Dr. Pehreber (Kiefer Sutherland) e também tentará contar com sua frágil memória, principalmente em relação a uma vida que possivelmente não deveria ter existido, e que o intrigará durante toda a trama. Aos poucos John Murdoch acaba por possuir estranhos poderes que o ajudarão no confronto final com os manipuladores de sua realidade.


O filme 13º Andar (The Thirteenth Floor, 1999), baseado no romance de ficção-científica Simulacron 3, talvez seja a obra de ficção que melhor questione sobre a realidade que criamos e a realidade que vivemos. A história começa com dois sócios de uma grande corporação que estão prestes a concluírem o mais avançado projeto de simulação de realidade. Entre eles está Douglas Hall (Craig Bierko) que, após ser contatado pelo detetive McBain, descobre que seu chefe e sócio Fuller (Armin Mueller-Stahl) acaba de ser assassinado na noite anterior, no dia que, supostamente, Fuller havia marcado um encontro entre os dois. A partir desse momento Douglas Hall começa a investigar o que seria de tão grave que seu sócio queria lhe revelar. Não obstante, Douglas também passa a ser alvo de suspeita de assassinato do próprio colega. Sem obter respostas e depois do encontro misterioso com a desconhecida filha de Fuller, Douglas percebe que só resta se aventurar pela “realidade virtual” recém-criada para obter as descobertas que Fuller queria lhe mostrar. No 13º Andar de onde trabalha Douglas nunca pôde imaginar que a distinção entre criação e criador seriam tão assustadoramente estreitas. E a verdade, neste caso, apenas fumaça e espelhos.
O interessante é que nos três filmes os protagonistas são suspeitos de assassinatos, o que deixa transparecer ainda mais suas "insanidades" a partir do momento que questionam o que é o real. Outra característica marcante dos três filmes é o que poderíamos chamar de “Dejà Vú”, o que em Matrix é apenas um gatinho desfilando sua elegância por duas vezes, em 13º Andar se trata de uma das chaves da trama. Emoções compartilhadas, percepções de que já encontraram “aquela pessoa” em algum momento ou em algum lugar, estão entre os mistérios do filme.
Então, para concluir, a memória pode ser falha em alguns casos, mas é a essa memória que recorremos quando queremos definir o que somos ou quem queremos ser. Talvez seja coincidência o fato dos três filmes estrearem em linhas sucessivas de anos (1997, 1998, 1999), ou talvez não. Seria o mundo da ficção científica querendo nos revelar um enigma? Pelo menos nestes casos a diversão em descobrir é puramente garantida, sem dizer que é também interessante. Então... boa pipoca a todos!!! E abram os olhos para uma nova realidade.

Abraços do Max

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O mito da caverna e o custo-benefício!!!!





Como já diria um já saudoso comercial de TV, você quer pagar quanto???



Há filmes que realmente valem o preço do ingresso, a cada minuto uma obra prima, pensada e repensada nos mínimos detalhes, roteiro, arte, fotografia, tudo que chame atenção dos sentidos, não apenas a visão!!!!



Contudo, há que se pensar, quanto vale também o nosso precioso TEMPO, para assistir algo que realmente não é compatível com a valoração: custo + benefício???



Filmes senso-comum, que utilizam as mesmas fórmulas de consumismo barato e acabam por criar um universo inteiro de pessoas senso-comum... reproduzindo ainda mais senso-comum... falando das mesmas coisas e pensando nas mesmas coisas!!!



Estamos quase que em um desses filmes de ficção científica!!!! Cada vez mais é difícil encontrar pessoas pensantes, que realmente raciocinam as informações que lhe chegam na mente. É muito fácil dizer as mesmas coisas, é muito fácil concordar com tudo e com todos, é ainda mais fácil discordar de todos sem dar uma argumentação plausível!!! Não é que todos necessitem opinar sobre tudo, mas é melhor não se expressar sem conhecimento!!!



Os indivíduos cada vez mais estão ficando acomodados na situação de não reflexão, é muito mais fácil ficar dentro da caverna...



É muito mais fácil baixar um filme de qualidade duvidosa, ao invés de ir ao cinema reproduzir o consumo alienado; é muito mais prático, econômico e conivente nos dias atuais.



Não deixarei de ir ao cinema, assim como não se deixam de comprar CD´s e DVD´s, são práticas puramente edonistas a quem obtem prazer nessas atividades. Porém se sabe que a qualidade e gosto são de valoração subjetiva e individual, a cada um se coloca uma escala totalmente pessoal do que mais atrai.



Talvez propaganda realmente seja a alma do negócio, talvez no nosso peito bata um alvo muito fácil, não importando a quantidade valorativa gasta em um filme. Mas mesmo assim há quem pague para ver!!! Assim a indústria da banalização das coisas de qualidade e gosto duvidosos cresce a cada dia, assim nos tornamos programados para aceitar o que nos é IMPOSTO, sem questionamentos.



Enfim, vamos todos pagar pra ver???

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sua Imagem e Semelhança - THX 1138





Imagem: Meu tempo é seu.

THX 1138: - Massas para as massas...

Imagem: - Prossiga.
- Muito bem.
Pode começar.

THX 1138: Bem...

eu errei na transferência térmica hoje de manhã.
Jamais aconteceu antes.

Eu não estava muito concentrado.

Imagem: - Sim, entendo.

As coisas não estão...
...indo bem.

Imagem: - Sim. Que bom.

- Como pude errar tanto?

Minha companheira...
anda bem estranha.
Não consigo explicar isso.

Imagem: - Sim.
- Também não me sinto muito bem.

Imagem: - Sim, entendo.
- Não sei, talvez eu seja o problema.

Imagem: Sim. Que bom.

Precisei de Pendural noite passada.
- Sinto como se algo...

Imagem: - Excelente.

...estranho estivesse
acontecendo comigo. Algo que...

Imagem: Sim.

...não consigo entender.

Imagem: - Poderia ser mais... específico?

Os sedativos.
Estou tomando Etracene,
mas não parece forte o suficiente.
- Tenho dificuldade em me concentrar.

Imagem: - Sua fé é verdadeira.
Receba as bênçãos do Estado...


- Por favor, me perdoe.

... e das massas.
És um súdito do Divino,
criado à imagem do homem...

pelas massas, para as massas.

Agradeçamos por ter
um cargo a preencher.
Trabalhe duro.
Aumente a produção.

Previna acidentes. E...
seja feliz.

sábado, 11 de junho de 2011

OMEGA DOOM – Uma Espécie de Faroeste Futurista


Não é nenhuma novidade a combinação de elementos de gêneros diferentes na produção de diversos trabalhos artísticos, seja na literatura, música ou cinema. Tratando-se de filmes, não podemos deixar de notar que gêneros como ação, suspense, comédia, romance, ficção e terror já estiveram combinados na mesma película e por sinal acabaram se constituindo em excelentes trabalhos, e em alguns casos em excelentes obras-primas. O filme que lhes apresento – Omega Doom (1996) – é uma combinação de dois gêneros que aprecio e tenho orgulho de ser fanático, o filme combina os gêneros de ficção científica com a mais peculiar malícia do estilo western.
A história se passa num futuro apocalíptico depois de toda destruição empreendida e travada numa guerra entre humanos e máquinas. No meio desta batalha o androide Omega Doom foi ferido na cabeça por um tiro disparado por um soldado humano, e perdeu seu programa de comando de guerra passando a viver (supostamente), depois desse fato, como um renegado andarilho.
Não é necessário ser um gênio para reparar que o filme é de baixo orçamento, com efeitos especiais modestos e um cenário que parece mais o terreno baldio de seu vizinho. Entretanto, Omega Doom não deixa de ser uma boa pedida para amantes do gênero. Combinando elementos de ficção científica e western, o filme além de apresentar um roteiro interessante, também demonstra que as qualidades de uma película estão na forma criativa de expor aquilo que nossa imaginação permite. Neste exemplo, – um futuro caótico dominado por gangues rivais com androides sobreviventes duelando por seus próprios interesses no melhor estilo western. Estes androides demonstram suas virtudes, defeitos e fraquezas num cenário Europeu devastado pelo inverno nuclear.
O androide Omega Doom é interpretado pelo excelente ator de ficção cientifica Rurger Hauer. Quando Omega se depara num parque povoado por duas gangues rivais de androides, sua presença arrogante e destemida começa aos poucos a mexer com os circuitos desses dois grupos de nervosinhos. Ao perceber que o interesse das duas gangues é se apoderarem de possíveis armas escondidas naquele território, Omega começa um jogo de armadilhas visando destruir as duas gangues simultaneamente. No meio de toda essa confusão estão dois androides pacíficos que irão futuramente ajuda-lo. Um dos andróides é o que sobrou (cabeça) de um ex-professor e o outro uma ex-babá. Aos poucos os verdadeiros objetivos de Omega Doom começam a se revelar. Não poderia faltar neste cenário as tão famosas cenas de bar tão característica dos filmes de western.
Como a maioria das armas foram devastadas devido às guerras nucleares, os duelos são realizados por meio de adagas. Uma das gangues se chama “Os dróids” que são quatro mercenários que se movimentam igual ao Robocop. Já a gangue rival se chama “The Roms”, são três mulheres androides de nível avançado e com figurino estilo Matrix, ou melhor, com figurino que Matrix copiou na cara dura. A única coisa em comum desses androides é o fato de serem assassinos natos e temerem o retorno dos humanos.
Por diversas vezes fiquei pensando se "Omega Doom" poderia ser um filme muito melhor se fossem investidos um bom orçamento ou utilizassem a última tecnologia de efeitos especiais tão facilmente disponíveis até para filmes de baixo orçamento. Entretanto, também fico pensando que filmes com roteiros interessantes poderiam apenas se “estragar” com os apelos da indústria dinheiristas do cinema, como aconteceu com filmes lixos como “Eu, robô” e “Transformes 1 e 2”. Não tenho muito que dizer e confesso que gostei do filme "Omega Doom" do jeito que ele é – um simples filme de ficção científica. E para quem não assistiu seja rápido no gatilho e assista ao filme ou levará bala. : )


Abraços do Max